sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Repórter conta sua primeira vez fazendo sexo no metaverso

Para dar sequência ao especial de posts sobre sexo publicados às sextas no Second Life Informa, fui pautada para fazer um test drive da primeira vez em primeira pessoa.

Para viver e narrar uma experiência sexual no Second Life, criei um avatar novo, diferente do que eu uso normalmente. Achei interessante simular uma mulher bem diferente do que eu sou na vida real, tanto fisicamente como em comportamento. Talvez uma maneira inconsciente para não me sentir culpada por fazer sexo virtual. Arranjei lingerie e roupas sexies, buscando gratuitamente pelo mundo, já que minha avatar é praticamente uma miserável, com apenas 3 lindens no bolso. Encontrei um belo cabelo preto e busquei uma skin com genitália bem-feita, já que os avatares do SL parecem bonecas Barbie no quesito órgãos sexuais. Consegui um ótimo avatar, extremamente atraente e não tão vulgar como algumas mulheres do metaverso.


O segundo passo foi encontrar um lugar com pessoas a fim de sexo. Isso não é nada difícil no SL, já que ilhas de orgia se multiplicam por lá. O problema dessas ilhas é o excesso de pessoas estranhas que circulam com avatares malfeitos, com pênis pra fora da calça livremente, e muita, muita gente pelada. Fui para a Sexy Land, uma das ilhas de orgia mais famosas hoje em dia. Ela está sempre lotada e o “lag” é grande.

Demorei quase 10 minutos para visualizar todos ali. Vi cenas engraçadas como um sujeito anão sobre uma mulher que parecia ter mergulhado em um tanque de óleo de soja. Não entendo essas skins ensebadas que as pessoas consideram sexy por aqui. Comecei a sentir um certo medo de ficar circulando, como se aquilo fosse real. Me sentei em uma poltrona e fiquei observando. Um rapaz de bermuda florida veio falar comigo, mas seu avatar era horrível e lhe dei um fora. Acho que levei para esse mundo virtual meu grau de exigência da vida real: eu queria que minha primeira vez ao menos fosse com um homem bonito.

Continuei olhando todas as figuras ali, tentando livrar minha cabeça de preconceitos e deixar de pensar que estava em uma situação possivelmente constrangedora. Um casal de homossexuais se atracou no tapete ao lado da pista de dança e ninguém se chocou. Essa liberdade me fez pensar que realmente o SL faz as pessoas agirem de forma bem diferente. Não há tabus aqui, todos são livres e ninguém se ofende ou é ofendido.



Um rapaz com barba por fazer, cabelo desgrenhado e camiseta do AC/DC sentou-se na poltrona ao meu lado. Ele tinha um avatar atraente fisicamente, não tão marombado como os outros ali. Puxou papo em inglês. “Olá” seguido de um smiley, para o qual respondi “Olá amante de AC/DC”. Começamos a conversar. Seu nome era Ossy. Ele é irlandês. Comento que sou brasileira, papo vai, papo vem. Estamos sentados em uma poltrona dentro de uma ilha chamada Sexy Land. Os dois sabiam o que estavam fazendo ali. Eu comecei a imaginá-lo na vida real, um sujeito fã de rock “não deve ser tão mal assim”. Eu ouço AC/DC, eu gosto de Ozzy... achei que era o momento de sugerir irmos para um lugar mais vazio. Tudo partiu de mim, eu creio que o tal Ossy fosse apenas um adolescente na vida real, provavelmente pelo excesso de “LOL” que usava em suas mensagens.


Dentro da Sexy Land há diversos pontos para sexo a dois, a três ou a quatro, a céu aberto, para todos observarem. Eu preferia que fosse em uma casa longe dali, mas Ossy é um avatar pobre como eu. Não temos casa com camas cheias de efeitos especiais nem grana para alugar um quarto. Busquei então por uma gruta mais reclusa da movimentação surubenta. Ali dentro havia diversas esferas de ação, com nomes de poses sexuais famosas em inglês. As rosas são para as mulheres e as azuis para os homens. Teoricamente é assim, porque casais gays também podem aproveitar essas posições sem problemas técnicos como eu já tinha visto antes. Basta clicar sobre elas e sentar: seu alter-ego virtual começa a ação.


Uma queda d’água e luzes azuis até davam um clima de romance ao local. Não sabia bem o que fazer e Ossy parecia meio perdido. Sugeri que começássemos normalmente, com beijos e vestidos. Depois disso, fomos avançando as carícias e trocamos de esferas para outras bem mais picantes. As peças de roupa desapareciam dos corpos moldados por pixels e Ossy exibiu finalmente sua genitália. Não era a mais realista que eu já vi, afinal, depois de alguns minutos em uma ilha de orgia eu já tinha visto mais pirocas do que já vi na vida real. Algumas devo admitir, eram bem-feitas. Mas a de Ossy não. Achei melhor não comentar, homens são homens, sejam virtuais ou não. Não se faz chacota de suas características, hum... físicas. Toda troca de palavras funciona pelo comunicador da interface do Second Life. Imagino ser como qualquer chat de sexo virtual. As pessoas digitam o que querem dizer, os pedidos e os desejos. Para muitos, não importa o que aparece visualmente na tela, e a excitação vem da criatividade dos praticantes e de como a conversa é levada. Tudo era estranho pra mim, mas Ossy estava bastante empolgado.



Alguns casais utilizam a conversa com áudio, mas eu preferi manter minha privacidade sonora. Depois do fato consumado, que durou cerca de meia hora, Ossy me adicionou como “amiga” e agradeceu. Pediu para nos encontrarmos outras vezes, que eu era “cool”. Agradeci a gentileza, aceitei sua amizade e sumi da gruta, em um piscar de olhos. Acho que ninguém se importa muito em pedir o telefone por aqui. Ainda bem.

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